Localização História Estatística Política Cultura Variedade Vistas Personalidades Solidariedade Procurar Créditos Home

 

ACONTECEU NO RIO MISSISSIPPI 


LUIZ CANALES




Um de meus sonhos que ainda nao havia conseguido realizar, era assistir um ou mais cultos em uma igreja de negros no sul dos Estados Unidos. Decidi entao visitar um amigo que morava em New Orleans. Me hospedou por um mês em fevereiro de 2001. LaMar havia sido missionário da Igreja Mormon em São Paulo no início dos anos 60, antes que eu fosse morar nos Estados Unidos. LaMar e sua esposa, Carroll, sempre gostaram de casas espaçosa e não tiveram problemas em me acomodar em um quarto com cama de casal, varanda e banheiro só para mim. E com telefone!

Um ou dois dias após minha chegada fui visitar a redondeza e, não muito longe do "palácio" de LaMar, havia uma enorme e linda igreja. Nao me lembro a denominação religiosa, mas isso para mim, um homem muito religioso mas sem religião, nao importava; entro em qualquer igreja. O que na verdade importou muito é que era uma igreja frequentada só por negros. Meu sonho seria realizado. 

No meu primeiro domingo em New Orleans, sem ter me inteirado dos horários dos cultos, fui direto para lá. Era o único loirinho em uma capela repleta de fieis negros; o ambiente para mim era como se estivesse participando de uma cena do filme "The Preacher's Wife" (1996) estrelando Denzel Washington (meu ator negro favorito) e Whitney Houston. (No Brasil o filme foi lancado com o titulo "Um Anjo em Minha Vida').O coral, as túnicas, os requebros, "aleluias" e toda aquela alegria me deixaram arrepiado. Nem preciso dizer que fui recebido como se fosse o Cristo entrando em Jerusalém no Domingo de Ramos.. 



Congregação chiquérrima. Negros e negras charmosos. Ternos impecáveis. Anéis de ouro em varios dedos. Senhoras de chapéu. Bolsas finíssimas. Joias. "Sonho ou realidade?" Pensei.

O bispo, um senhor negro, como não poderia deixar de ser, me apresentou a congregação. Para mim foi uma festa. Voltei para assistir os cultos umas 5 vezes durante as semanas que fiquei na cativante New Orleans.


Navio onde Canales e o casal Morais se encontraram



Mas logo na segunda-feira. após "meu Domingo de Ramos," estava andando pelas margens do Rio Mississippi quando me encontrei, por acaso, com a esposa do bispo, acompanhada de vários membros da congregaçãoo. Abraços e sorrisos.Convites e mais convites para que eu voltasse a igreja. Sem dúvida voltaria. Honrei a palavra.

Sou um aventureiro; um cigano apaixonado pela vida. Quem diria que lá de Quatá, nascido no Circo-Teatro Oni, estaria zanzando um dia por território de Mark Twain e Tom Sawyer.
Mas o melhor desta aventura estava prestes a acontecer.

Minutos depois me encontrava em um navio turístico navegando pelo Mississippi. Era tambem coisa de cinema. Os gringos sabem mesmo promover turismo. O navio, com banda de jazz e Cajun, rítimo típico da região, deslizava pelo rio quando ouvi vozes falando
em português. 



"Puxa! até no Rio Mississippi. Brasileiros!" 



O Mardi Gras que a esposa do bispo e irmãos da igreja haviam armado para mim há alguns minutos às margens do Mississippi, era agora repetido com mais risos, abraços, apertos de maos, e beijinhos para as senhoras e senhoritas. 

"Somos de São Paulo." Me respondeu um casal. "'E voces?" "Belo Horizonte." "Rio de Janeiro." Um grupo de 10 pessoas, se nao me engano. (Na verdade, nao me lembro de onde vinham, mas isso não tem importância.) 

Um dos senhores, bem mais jovem que eu, acompanhado de sua esposa, era simpatiquíssimo. Nos sentamos, e ao som do jazz, Cajun e o chua-chua do rio, fomos nos conhecendo melhor.

"Mas, Luiz, nos diga lá, de onde voce é?'"

"Acho melhor nem responder. É uma cidade do interior de Sao Paulo. Sempre me dizem que não a conhecem." 



"Nao vai me dizer que voce é de Quatá!"



"Como adivinhou?" 

"Instinto. Sou de Quatá", declarou. 

Quase caio no rio!!

Abraços. Risadas. Surpresa! Provas da verdade com passaportes. Pois é, aconteceu no Rio Mississippi - Dois quataenses no palco de Tom Sawyer. Vejam a linda foto.

 


Luiz Canales e o Casal Morais - encontro no Rio Mississipi



Trocamos cartões de visita.
Prometemos nos encontrar quando eu fosse ao Brasil. Não me lembro onde moravam... 

Voltei a São Paulo em agosto do mesmo ano;lhe telefonei. Foi difícil marcarmos o reencontro. Ele: Trabalho, a familia. Eu: Hoje aqui, amanhã...? "Sei lá!" E de tanto voar perdi o cartão de visita de meu conterraneo.

Ainda moro em Kioto, Japão e viajo sempre para o Brasil.

Gostaria de um dia poder revê-los !


 

O Site de Quatá localizou o Morais, Quataense de Santa Lina. Para um novo encontro, quem sabe no Rio do Peixe em Quatá, assim sendo,  aqui vão seus e-mails:
morais@hipperquimica.com.br

l_canale@kufs.ac.jp