Associação Para a
Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Quatá
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História da "ACQUA" Contada pelo seu principal idealizador :Dr. Marco Antônio Nicácio Sempre existiu um interesse de minha parte, desde há muito tempo, de preservar a história de Quatá. Talvez por pertencer a uma família pioneira nesta cidade, a família Gagliardi, cujo patriarca, Luiz Gagliardi, foi meu avô, e seu irmão, José Gagliardi, o primeiro prefeito. Não os conheci, pois faleceram antes de meus pais se casaram. Cursei o Grupo escolar cujo patrono foi Luiz Gagliardi e talvez daí a minha curiosidade em saber melhor quem foi este meu ancestral. Desvendar o passado e pesquisar suas origens, foi um exercício que sempre excitou a minha curiosidade.Este objetivo esteve sempre presente em meus propósitos, inclusive quando tive contato com uma revista datada de 1953, o "Álbum Histórico de Quatá", de Bruno Gionvanetti, engenheiro da Estrada de Ferro Sorocabana, que morou nesta cidade. Foi o primeiro documento que tive em mãos para iniciar a pesquisa dos primórdios de Quatá. Por volta de 1989, quando freqüentava o Rotary Club, em contato com a Sra. Maria Cecília Floeter Guimarães, professora aposentada do Grupo Escolar, esta manifestou o mesmo interesse, e a partir de então, sempre ficamos na expectativa de uma oportunidade para iniciarmos este trabalho. Em l997 , portanto aproximadamente 8 anos depois, estava a história criando a oportunidade de realizarmos o sonho acalentado todo este tempo. Em uma manhã de trabalho, terminado o atendimento no Centro de Saúde, percebi uma agitação entre os funcionários daquele estabelecimento. Tomei conhecimento que algumas pessoas estavam com fotos antigas de Quatá, e fiquei sabendo que naquele momento estavam "distribuindo" fotografias no antigo Foto Quatá. A propósito deste fato, abro um parênteses para esclarecer que havia na cidade um antigo estúdio fotográfico pertencente ao senhor Massato Furoshio ( Chico) e sua esposa Sra. Dinah, que guardavam um acervo fotográfico interessante contendo muitas fotos antigas, que eu e Maria Cecília acreditávamos fossem de grande interesse para iniciarmos o nosso trabalho. Dna Dinah havia falecido e o Sr. Chico estava muito adoentado, praticamente restrito ao leito, e vinha sendo cuidado pelos seus sobrinhos que lhe davam assistência. Ocorre que houve a necessidade deles abrirem mão do prédio onde funcionava o estúdio, para locação. Sabendo do que se passava, senti uma grande preocupação com a "farta distribuição de fotografias". Sem perda de tempo fui verificar . Ao chegar no local, percebi que haviam algumas pessoas "faxinando" aquele estabelecimento. Encontrei várias outras vasculhando caixotes com as fotos e muitos outros pacotes de papéis já na sarjeta da rua para descarte. Impulsivamente tive a iniciativa de pedir encarecidamente aos encarregados da limpeza que interrompessem o trabalho até que pudesse pensar em alguma estratégia para não perdermos parte importante do patrimônio da história de nossa gente. Fui informado naquele momento que quem representava os curadores do Sr. Massato era o Sr. José Carlos Maricato, dono da imobiliária que locava aquele imóvel. Imediatamente fui ao seu encontro que prontamente, movido e sensibilizado pelos nossos propósitos, pediu aos seus prepostos que interrompessem a arrumação, recolhendo tudo o que fosse do nosso interesse. Os objetos foram guardados em um Quartinho nos fundos do referido estabelecimento. Um lugar impróprio porque além de muito pequeno era um velho aposento, deteriorado pelo tempo, com telhado, janelas e portas avariadas, colocando em risco de exposição à chuva, insetos e cuja porta estava em péssimo estado de conservação, não oferecendo as menores condições de segurança para aquelas peças. Posteriormente, através da intervenção do Sr. Maricato, fizemos contato com o Sr. Alberto e Dna. Ideko, sobrinhos e responsáveis pelo Sr. Chico, que gentilmente entenderam a nossa causa e nos doaram não somente o acervo fotográfico como também muitas peças do estúdio fotográfico. Assim, já com aquele patrimônio disponível, Eu e Maria Cecília providenciamos os meios para iniciarmos a nossa tão sonhada empreitada, de darmos inicio sem perda de tempo, à constituição de uma Associação para a Preservação de nossa história. Maria Cecília gentilmente ofereceu sua residência para que a primeira reunião se procedesse. Isto aconteceu em Janeiro de 1997. Naquela noite chuvosa, estavam presentes além dela, seu esposo, Luiz Carlos, seu filho Luiz Geraldo, eu, José Pereira Manço, Divanil Roncada Giacon e sua irmã Denise Pollon, Helenice P. Lima, Cleusa Gomes, Adelmo P. Barbosa, Walkiria Dalla Pria, Argemiro Salmeron e sua esposa Tereza, para darmos início à organização de nossa entidade. Preocupados em darmos um caráter legal para aquela recém criada associação, ocupou-se de orientar-nos quanto ao estatuto, o advogado Dr. Argemiro Salmeron, que nos ofereceu uma minuta do documento, inclusive os serviços de seu escritório de contabilidade para encaminhar para o devido registro, a entidade. Naquela ocasião, muitos objetivos foram propostos ( atividades de museu, teatro, casa do artista - artesãos, biblioteca pública, etc.). Desta forma, interessados em dar andamento aos trabalhos, iniciamos a procura de um nome para a associação. Como chovia muito naquela hora, ocorreu-me o nome "ACQUA", que lembraria Associação Cultural de Quatá, e assim foi designada, acrescida da explicação: Associação Para a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Quatá. Naquela ocasião ainda, foi escolhida pelos presentes, uma diretoria para o recém criado organismo como consta do seu estatuto. Após estas providências iniciais, e também da assembléia de constituição da "ACQUA", coisa de um ou dois meses depois, já tínhamos o registro da associação no cartório, cujas custas foram gentilmente ofertadas pela Dna. Maria Cecília. É interessante lembrar que, apesar de estarmos esfuziantes com as doações conseguidas, não tínhamos onde guardar aquela pilha de fotos e objetos doados. Foi então que a Dna. Esmeralda Gagliardi Nicácio, nos cedeu provisoriamente as dependências da antiga área do consultório do Dr. Moacyr em sua residência, para guardarmos o nosso acervo. Isto foi muito importante porque colocaríamos em lugar seguro aquele material que estava submetido aos riscos de serem danificados onde se encontravam. Numa tarde de final de semana, lá fomos nós, M. Cecília, Luiz Carlos, e eu, transportar a coleção para o novo local. Carregando todas aquelas peças , ainda que pesadas e empoeiradas, para o novo local. Noutro dia, reunimos os membros da ACQUA na minha residência, começamos o trabalho de limpeza e seleção das fotografias do acervo. Iniciamos então um trabalho de divulgação da entidade através dos meios de comunicação disponíveis. Confeccionamos uma carta de intenções que foi enviada para as famílias tradicionais da cidade. Fomos então enriquecendo o nosso acervo que encontra-se em fase de crescimento. Uma de nossas primeiras preocupações foi a de iniciarmos um trabalho de tratamento dos objetos das doações, o seu armazenamento e restauro, o mais científico possível e a sua guarda a mais adequada. Foi quando procuramos a Museu India Vanuire de Tupã. Já havíamos visitado aquele estabelecimento há tempos atrás, e lá ficamos conhecendo algumas pessoas que discorreremos a seguir. A Sra. Dna. Tamimi Borsato Rayes, dinâmica educadora que dirige aquela entidade colocou à nossa disposição a sua instituição e nos aproximou do Sr. Ramon Barrionuevo, eminente ex - diretor daquele museu. Gostaria aqui de discorrer um pouco sobre este Sr. que nos ajudou bastante. O Dr. Ramon, pessoa extremamente simpática ficou animado com a possibilidade de montarmos um Museu em Quatá. Espontaneamente, como hoje sabemos que é de sua personalidade, se interessou em nos orientar, nos alertando sobre as possibilidades que uma instituição desta natureza poderia contribuir para o enriquecimento da área cultural de nossa cidade. Pessoa de grande erudição, e não somente isto como também testemunha histórica de muitos acontecimentos do seu tempo, visto que conviveu e partilhou da amizade do nosso principal historiador, Dr. Bruno Giovanetti, colocou todo o seu conhecimento e boa vontade a serviço de nossa causa. Imediatamente nos ocorreu a possibilidade de marcarmos um evento na nossa cidade com a presença destas duas personalidades. E assim no dia 20 de março de 1997, ocorreu na sede do SACI, com a presença de várias autoridades locais e um público considerável visto que chovia aos borbotões ( curiosa coincidência? ), a primeira palestra promovida pela "ACQUA", com os temas: "A importância da preservação da História dos Povos", pelo Dr. Barrionuevo e também, "Oficinas Culturais", pela Sra. Tamimi. Esta foi uma boa oportunidade de divulgar entre a população local e autoridades presentes as nossas intenções. No final daquela sessão, tivemos verbalizado o apoio do Sr. Prefeito Municipal à nossa causa. O Sr. Ramon nos deixou a seguinte frase como selo de sua presença nesta comunidade: "O povo que não preserva materialmente a sua memória, é um povo que não existiu". Naquele momento, também nos foram passadas às mãos, farto material sobre museologia, arquivos fotográficos, oficinas pedagógicas, trazidos pelos nossos palestrantes. Desta forma, pudemos sensibilizar mais adeptos . Mantemos até hoje como nossos colaboradores, o Dr. Ramon e Dna. Tamimi, que invariavelmente fazem contato através de correspondência ou telefônico, avaliando a quantas anda a nossa iniciativa. Sabendo do nosso interesse, e da limitação de espaço físico, inclusive definitivo, para a montagem do Museu, através de gestões junto ao Sr. Joaquim Alves, este abraçou a nossa causa e está em contato com os responsáveis pela Estação Ferroviária tentando negociação para aquisição das antigas dependências daquela Ferrovia no sentido de nos colocar a disposição aquela área, restaurada e urbanizada, para desenvolvermos as nossas atividades no futuro, conforme o seu discurso naquele evento. É trabalhosa a atividade de cadastro e registro dos bens que nos são doados. Algumas despesas para a aquisição de material de papelaria, arquivos, restauração, manutenção, etc., são essenciais para que possamos preservar organizadamente e adequadamente aquele material. Por isso, recentemente promovemos um jantar dançante com o objetivo de angariarmos fundos para estas atividades, e aproveitamos a oportunidade para nesta ocasião apresentarmos a primeira exposição de fotografias históricas de Quatá. Os fundos auferidos estarão contabilizados formalmente, a partir de 22 de abril de 1997 momento em que a "ACQUA" conta com um CGC. Este jantar e exposição, creio terem sido muito motivadores porque são inúmeras as pessoas que se sensibilizaram pela nossa causa e já afluem ao nosso contato para obter informações sobre a entidade. Muitas são as colaborações de pessoas da cidade e também dos órgãos de divulgação. Tenho que registrar a inestimável contribuição das seguintes pessoas: Heloísa Miguel, do Oeste Notícias e seu esposo o fotógrafo Paulo Henrique que nos orientou quanto ao equipamento fotográfico, Rubinho da Rádio Cidade, Pe. Oswaldir da Rádio Comunitária de Quatá, José Daltozo do Jornal de Martinópolis, além de todos os doadores da cidade que oportunamente terão os seus nomes divulgados. Gostaria de fazer referência especial a Daltozo. O mesmo é funcionário aposentado do Banco do Brasil, e atualmente além de se dedicar a atividade jornalística é colecionador contumaz de cartões postais, cuja coleção creio ser a mais extensa do país. Além disso, cultiva o mesmo interesse de oferecer à Martinópolis um museu histórico e pedagógico. Recebi recentemente a sua agradável visita em minha residência, oportunidade em que fizemos amizade. Tem sido correspondente e colaborador de nossa instituição nos oferecendo além de vários artigos sobre museus, nos tem enviado fotografias e bibliografia sobre a nossa história visto que é conhecedor e pesquisador da vida de João Gomes Martins, fundador de Martinópolis e um dos Colonizadores de nossa região. No dia 20 de abril de 1997, a pedido dos funcionários do Banespa, realizamos uma exposição fotográfica com nosso acervo, em comemoração dos 55 de aniversário da instalação da agencia daquele banco em nossa cidade. Intitulada "Quatá - fotografias antigas", pudemos oferecer à população uma série de fotografias que lembravam a cidade, seus fatos mais importantes e sua gente desde os primórdios dos imóveis São Matheus e Montalvão até os anos 60.
Em recente encontro organizado pelo Dr. Marco Antônio Nicácio em Março de 1999 com o Ministro da Cultura, o quataense sr. Francisco Weffort , foi conseguido o apoio do Ministro no projeto da Acqua para a preservação da história de Quatá. Os principais objetivos são transformar o velho galpão da Estrada de Ferro Sorocabana em Museu, bibliotecas e centro cultural de Quatá. Dr. Marco já tem sob seus cuidados algumas preciosidades que contam a história de Quatá, e Será que um dia este sonho será realidade?
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