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Nos anos 30 e 40 o Circo Oni rodava pelas cidades do interior do Estado de São Paulo. Naquela época, os grandes bailes e suas famosas orquestras, juntamente com o cinema e com as rádios o circo era uma atração de primeira linha. Em Quatá, cidade no oeste do Estado de São Paulo, não foi diferente. Conforme conta os antigos moradores, o Circo Oni passou por Quatá muitas vezes, a ponto dos artistas dos circo terem grande amizade na cidade. O grande humorista Walter Stuart , nascido no circo,  casado com uma admiradora - Moralina,  era filho do proprietário do Circo Oni, e,  quando chegava em Quatá já tinha até uma casa que alugava para passar a temporada ( antiga casa onde morava a família. Zancanaro).

Naquela época Quatá tinha cerca de 18 a 20 mil habitantes e o circo deixava a cidade toda alvoroçada. Os artistas andavam muito bem arrumados e distintos pela cidade. Os rapazes ficavam encantados com as artistas, principalmente com a   irmã de Walter Stuart, Catty Stuart e as garotas enlouquecidas pelos artistas.

O grande momento do circo eram as dramaturgias , as peças   teatrais apresentadas . O Circo Oni era montado em dois lugares em Quatá, em frente ao Hospital São Luiz onde é hoje o E.E. Luiz Gagliardi e mais frequente onde é a beneficiadora de café dos Carone, perto do Forum, propriedade que era do Heitor Maia. Muitas vezes utilizavam figurantes da própria cidade. Não era difícil ver pessoas que deixavam sua cidade para acompanhar o circo.

Em 19 de fevereiro de 1944, não se sabe se planejado mas o acaso assim quis que Adriano Stuart viesse a nascer em nossa cidade. Na verdade Adriano Roberto Canales. A história capricha para algumas pessoas. Do ventre para o picadeiro, do colo para o palco, Adriano sequer teve chance de escolher seu destino e desde bebe já estava lá participando como ator, de cidade em cidade, junto com a caravana do Circo Oni. Seu pai, além do Adriano, teve 2 filhos. Conta uma antiga moradora de Quatá que Mora teria tido mais um filho que morreu no parto e teria sido sepultado em Quatá.

Em 1950 o avô de Adriano, que chegara no Brasil em 1920 com passagem pela Argentina,  vendeu o circo mudando-se para São Paulo. Com 8 anos Adriano Stuart estreiou na televisão, sem saber o que realmente era isto. Seu pai, Walter Stuart foi o primeiro e grande humorista da televisão brasileira. Na verdade toda sua família foi contratada pela TV Tupi. O circo e as rádios foram os verdadeiros doadores de talento para televisão.

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Logo do TV Tupi

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Walter e Adriano Stuart atuando

(trecho retirado do Museu da Televisão Brasileira em 17 março de 1999, com algumas alterações)
Não demorou muito para que o pai lançasse as atrações circenses, no programa que ficou famoso: "Circo Bom-bril". Adriano, porém, fez carreira solo. Aparecia nos "Grandes Teatros", "TVs de Vanguarda", "TVs de Comédia".

Adriano fazia também rádio, com carteira assinada e tudo. Os papéis foram se sucedendo, os amigos aparecendo e Adriano aprendendo. Logo fez cinema. Fez "O Sobrado" dirigido por Cassiano Gabus Mendes, onde era um garoto. Foi ficando adolescente, adaptando-se, e, bem jovem, passou a dirigir programas. E foi nisso que se salientou. Dirigiu "Ritinha Salário Mínimo", e gostou.

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Adriano no filme Urbânia

Ele tinha passado pela TV Record, onde dirigiu uma novela de Lauro Cesar Muniz. Depois voltou para a TV Tupi e em 1972 foi para a TV Globo. Escreveu a série "Shazan e Sherife" e por cinco anos dirigiu "Os Trapalhões". Dirigiu também vários outros programas de humor. Dirigiu Costinha, Dercy Gonçalves, Dedé Santana, Renato Aragão.

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Filme que Adriano participou - Cada um dá o que tem

Com todos se deu bem, e o que achou mais difícil foi dirigir o pai, Walter Stuart, que era "criativo" demais, e improvisava a cada segundo. Walter Stuart morreu em São Paulo em 1999.

Adriano Stuart achou sempre tempo de fazer cinema. Fez um total de quarenta filmes, começando com "O Sobrado". Foi diretor e às vezes ator. Participou de: "Cada um dá o que tem", "Trapalhões na Guerra dos Planetas", "O Cinderelo Trapalhão", "Os Saltimbancos Trapalhões", "O Incrível Monstro Trapalhão". Além da série dos "Trapalhões", fez: "O Bacalhau" , "Chão Bruto", "A Noite dos Duros", Ä Vingança", "Fofão e a nave sem rumo", e muitos outros.

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Adriano dirigiu Fofão


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Cenas do filme Boleiros

Adriano fez também teatro, e todas as suas atividades sempre fez muito bem. Mas a vida artística é cheia de altos e baixos. O Brasil passou por uma fase depressiva. Com isso Adriano passou grande tempo sem trabalhar. E dizia, entre amargo e irônico: "Sou um dos 25 milhões de desempregados do país". Mas logo lhe apareceu um convite para ser ator em "Boleiros", um filme de Ugo Georgetti.

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Adriano Stuart - Cenas do filme Boleiros

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Cenas do filme Boleiros com Adriano Stuart, Flávio Migliaccio e Rogério Cardoso

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Adriano dirigiu vários filmes dos Trapalhões e 5 anos de programa

 

E assim Adriano Stuart vai levando sua vida, sempre a procura da felicidade, da paz, do bem estar .Preza demais a amizade,definindo-a como "verdadeiro sentimento sem interesses" . Para ele o amor é fundamental . Amor pelos pais, pelos filhos, e ele tem três, por tudo o que faz e que o rodeia e total admiração e amor por sua companheira. Inteligente demais, inquieto demais ,orgulhoso demais e como todo descendente de espanhol, teimoso demais . Esse é Adriano Stuart, que, como ele mesmo diz, nem escolheu sua profissão. Foi escolhido por ela, pois nasceu dentro dela, por toda a sua vida, sempre, eternamente.(fim do texto com alterações)

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Adriano no programa Provocações n. 154 da TV Cultura

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Glaucio, Leivinha e  Romerito do Palmeiras, Adriano Stuart e o ator Orival Pessini .

Após um contato com a TV Cultura, Adriano Stuart recebeu-me para um longo papo de 8 horas em um adorável Bar da zona oeste de São Paulo. Carismático, envolvente, divertido, com mil histórias para contar, sempre regado a um legítimo Scott, Adriano contou sua relação com Quatá. Nossa conversa era a todo momento interrompida , pois Adriano conhece todos que carinhosamente iam cumprimentá-lo. Adriano nunca escondeu sua procedência e disse que certa vez teria encontrado o ex Ministro da Cultura Francisco Weffort, outro quataense, em Gramado, onde Adriano já recebeu prêmios,  e brincado com ele disse: "Venho encontrar Quataense justamente aqui ?"

Em nossa mesa foi sentando muito amigos e sendo revesado durante estas 8 horas. Passou por lá o Leivinha (João Leiva Campos Filho - 54 anos) do Palmeiras, grande jogador dos anos 70 no dia do seu aniversário, 11 de Setembro ,  bem como o Romeiro ou Romeirito (José Romeiro Cardoso)craque dos anos 60, também do Palmeiras. Esteve ainda o professor de goleiros antes do Palmeiras agora do Corintians Valdir de Moraes, o Goleiro Sérgio do Palmeiras, o ator Orival Pessini do personagem da Praça é nossa "Patropi" ( sei lá entende!) o mesmo que faz o Fofão , aquele boneco dos anos 80 ( veja acima). Outros amigos do meio artistico e futebolistico também passaram pela mesa e não pude reconhecer e pelo menos naquele dia "Quatá" foi mencionado diversas vezes para nosso orgulho.

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Adriano Stuart e Orival Pessini

Apesar de ter uma idéia geografica errada de onde ficava Quatá , pois achava que nossa cidade era próximo ao Rio Paraná, disse-me que quando perguntam sobre Quatá sempre usa a sua criatividade :

Quatá fica perto de onde ?
- Quatá  não fica perto de nada. Quatá é longe de tudo !

ou então:

Quatá ? Quatá é o maior produtor de pentes de osso  de casco de tartaruga do Brasil ! Criamos nossas próprias tartarugas sem portanto matá-las para tal.

ou ainda...

Quatá é o maior produtor de cangurus trazidos direto da Austrália, domesticados e aproveitados pelo seu grande giro de munheca de 220 graus , ensinados para pular e trocar lâmpadas.

Achava também que os queijos Quatá era de nossa cidade. Este laticínio originalmente já foi , contudo não é mais de nossa cidade.

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Leivinha e Romeirito
Em determinado momento o assunto era futebol e nossos boleiros na mesa contavam fatos para serem ouvidos e não relatados sobre as concentrações na Europa, etc. Nesse momento Adriano disse: Que filme é este agora ? Somente quem assistiu o filme "Boleiros" de Ugo Giorgette pode entender. Veja acima na película acima se a cena é ou não é a mesma ?

Adriano Stuart quer conhecer nossa cidade e com certeza ainda iremos levá-lo para conhecer o nosso povo, a sua gente, e saborear um grande churrasco e para ser homenageado.

Temos orgulho de ter Adriano Stuart, ou Adriano Roberto Canales, como uma grande personalidade quataense. Sua história com nossa cidade para muitos é novidade e para ele um ponto a ser desvendado . Com 52 anos no mundo artístico, nasceu com a televisão, e aos 59 anos de idade estamos aqui resgatamos sua fantástica história.

Adriano Stuart é isto , pedra rara, ator genuíno, a mistura do rural e urbano, o cheiro do picadeiro e poluição dos grandes centros, cigano e pioneiro, paixão e emoção, a soma de seus personagem, a grandeza de suas amizades,  uma pitada de amargura, paizão, filho de Walter , filho de Mora, filho de nossa amada Quatá.

São Paulo,11 Setembro, inverno de 2003.


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Em 2006 faz a minisérie da TV Globo "JN". No dia 15 de Abril de 2012  é encontrado morto ao lado de sua cama, na cidade de São Paulo o ator e diretor Adriano Stuart. Adriano foi casado entre 1971 a 1973 com Marcia Maria Brisa(*05-fev-1944 / + 8-fev-2012) e com a atriz Lisa Vieira entre 1977 a 1981 .


(abaixo informações retirado do blog de Rubens Ewald Filho)

Filmografia como diretor
1975-Cada um dá o que Tem (Epis. O Despejo. Alcione Mazzeo, Nuno Leal Maia). Kung Fu contra as Bonecas (Dionísio Azevedo, Nadir Fernandes). Bacalhau (Helio Souto, Dionísio Azevedo. Sátira a Tubarão)
1976-Sabendo Usar não vai Faltar (Epis.Três Assobios. Ewerton de Castro, Nadir Fernandes ). Já não se Faz mais Amor como antigamente  (Epis.Flor de lys.Hélio Souto, Alcione Mazzeo)
1978- Os Trapalhões na  Guerra dos  Planetas . A Noite dos Duros (Sandra Barsotti, Sandra Bréa)
1979-O Rei e os Trapalhões .  O Cinderelo Trapalhão
1980- Os Três Mosqueteiros Trapalhões.  O Incrível Monstro Trapalhão
1982-Um casal de Três (Otávio Augusto, Sandra Barsotti ). As Aventuras de Mario Fofoca (Luiz Gustavo, Sandra Bréa)
1989- Fofão e a Nave sem Rumo.(Orival Pessini, Paulo Caruso)

 

Filmografia como ator
1956- O Sobrado de Durst e Gabus Mendes
1964- Meu Japão Brasileiro
1974-Exorcismo Negro, de José Mojica Marins
1975-Cada um dá o que Tem (Epis.Uma Grande Vocação de Silvio de Abreu). Kung Fu contra as Bonecas, dele mesmo
1976-Sabendo Usar não vai Faltar (Epis.Três Assobios).  Já não se Faz mais Amor como antigamente (Epis.Flor de lys). Bacalhau
1977-Chão Bruto ,de Dionisio Azevedo
1989- Festa, de Giorgetti
1997- Os Matadores, de Beto Brandt
1998-Boleiros Era uma vez o Futebol de Giorgetti
2001-Urbania, de Carlos Frederico
2002- O Príncipe, de Giorgetti
2003-Garotas do ABC, de Reinchenbach
2005-Crime Delicado, de Beto Brandt
2006-Boleiros 2-Vencedores e Vencidos, de Giorgetti
2008-Encarnação do demônio, de José Mojica Marins.

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Sugestão desta página: Fabio Prado de Freitas. Várias fotos foram retiradas da Internet sem portanto sabermos sua autoria, bem como outras feitas por G. Conde. Fonte de pesquisa Adriano Stuart, Museu da Televisão Brasileira e agradecimentos a TV Cultura pelo contato.